Olá pessoal,
Bom dia!
No post de hoje vou demonstrar como criar um trace no SQL Server utilizando o SQL Profiler para auditar acessos em objetos, seja por algum usuário específico, objeto ou database específico. Isso é especialmente útil para identificar quais usuários possuem acesso a um determinado objeto ou descobrir também quais usuários não possuem acesso a um objeto e mesmo assim, tentam acessá-lo, seja uma tabela, view, stored procedure, etc. Em várias empresas, isso é utilizado para auditar acessos a tabelas críticas e com informações sensíveis, como dados e salários de funcionários, etc.
Utilitário bem conhecido da maioria dos DBA’s SQL Server, mas nem tanto por parte dos desenvolvedores, o SQL Server Profiler tem muitas outras utilidades além de realizar auditorias, principalmente com o crescimento dos sistemas que utilizam ORM’s, como o Hibernate e Entity Framework, para encapsulamento das consultas a bancos de dados. Essas ferramentas são responsáveis por gerar as consultas e queries SQL para o desenvolvedor, que se preocupa apenas na codificação em sua linguagem de programação (Java, C#, etc) e não precisa escrever um linha de código SQL.
Geralmente essas queries não são muito performáticas e o desenvolvedor muitas vezes não sabe como a query foi montada pelo ORM. Quando começam o ocorrer problemas de performance no sistema, o SQL Server Profiler é uma ferramenta poderosa, possibilitando a identificação de qual comando exato o sistema está executando e permitindo que o DBA faça a análise de performance adequada, analise os índices, etc.
Como abrir o SQL Server Profiler pelo Management Studio
Inicie o SQL Server Management Studio e abra o SQL Server Profiler:
Como configurar os eventos e filtros do Trace no SQL Server Profiler
Uma vez aberto, configure a descrição do seu trace, onde os resultados serão salvos (eu prefiro sempre em tabela), e outras configurações que você ache pertinente:
Agora é o momento de selecionarmos o evento que iremos monitorar, que é o “Audit Schema Object Access Event” e selecionarmos as colunas que queremos que sejam gravadas na tabela do Trace:
Para ajustar os filtros de captura do trace, clique no botão “Column Filters” e será aberta uma janela onde será possível realizar os mais diversos tipos de condições para que essa sessão seja auditada. Vou listar os mais comuns:
- ApplicationName: Filtro que já vem ativado por padrão e com a cláusula NOT LIKE “SQL Server Profiler – <hash>” para que a própria sessão do Trace não seja auditada, permite realizar filtros pelo software utilizado para a conexão com o banco de dados, como “Microsoft SQL Server Management Studio – Query” ou “.Net SqlClient Data Provider”.
- DatabaseName: Permite filtrar os databases que podem ou não fazer parte do trace
- DBUsername: Permite filtrar quais usuários SQL Server que podem ou não fazer parte do trace
- HostName: Filtro que permite selecionar quais hostnames (nomes de máquinas) serão ou não auditados
- LoginName: Define se você quer aplicar um filtro no login da sessão (pode ser login do AD ou SQL Server) para que ele faça parte ou não do Trace
- ObjectName: Permite filtrar os objetos (tabelas, views, stored procedures, etc) que podem ou não fazer parte do trace
- SPID: Filtro que permite selecionar quais sessões serão auditadas ou não pelo Trace
- Success: Parâmetro essencial para este post, que define se a sessão conseguiu acessar o objeto (1) ou se não conseguiu devido a erro de permissão (0). Para atingir o objetivo desse post, você deve utilizar a condição Equals to 0
Vale lembrar que ao editar os filtros, caso você queira adicionar mais de um valor nas cláusulas do filtro, basta apertar a tecla “Enter” quando o cursor estiver posicionado na caixa de texto, para que assim, apareça mais caixas de texto abaixo:
Neste exemplo, apliquei o filtro “Exclude rows that do not contain values” nas colunas DatabaseName e DBUsername para que tentativas de acesso indireto, como o SQL Prompt e o Intellisense realizam, evitando que informações não tão interessantes sejam gravadas no log e o deixe muito “poluído”.
Caso você tenha iniciado o Trace e deixa editá-lo, basta parar o Trace utilizando o botão Stop (ou no menu File > Stop Trace) e selecionar a opção do menu “File” > “Properties…”
Agora clique no botão “Run” e o trace será iniciado na instância:
Visualizando os resultados do Trace no SQL Server Profiler
Vou agora utilizar um usuário sem permissão e tentar realizar uma consulta numa tabela que vai gerar um erro de falta de permissão:
Se voltarmos à janela do SQL Server Profiler, vamos ver que essa tentativa de acesso foi logada:
Ou podemos realizar consultas na tabela em que configuramos onde o Trace deve salvar os resultados:
Exportando para arquivo SQL as definições do Trace
O SQL Server Profiler ainda nos dá a opção de exportar as definições e filtros realizados como um arquivo .sql, para que você possa ativar novamente esse trace de forma mais prática e rápida, podendo até automatizar isso em um Job, por exemplo:
E esse será o resultado da exportação do Trace como script SQL:
Vale lembrar que quando você exporta o trace para .sql, exportação dos dados para tabela do banco de dados NÃO é suportada.
Consultando o resultado do Trace ativado por script SQL
Conforme explicado acima, utilizando o script podemos ativar facilmente o trace, mas não é possível exportar os dados para uma tabela, apenas para arquivos Trace (.trc). Felizmente, isso não é um problema, pois podemos facilmente realizar consultas no arquivo de trace utilizando a função fn_trace_gettable (Saiba mais acessando os posts Utilizando o trace padrão do SQL Server para auditar eventos (fn_trace_gettable) e Monitorando operações de DDL e DCL utilizando a fn_trace_gettable do SQL Server).
Primeiramente, abrimos o arquivo SQL gerado no SQL Server Management Studio e alteramos o nome do arquivo de Trace “InsertFileNameHere” para um caminho acessível pelo seu servidor, conforme fiz no exemplo abaixo:
Depois, vamos tentar consultar a tabela e visualizar novamente a mensagem de acesso negado. Agora que a mensagem foi logada no nosso arquivo de trace, realizamos a consulta:
Identificando e parando um evento de trace
Caso você opte por iniciar os eventos de trace utilizando o script SQL, será muito importante conseguir identificar se o trace está ativo e saber como pará-lo. Para fazer isso, basta executar a query abaixo
1 |
select * from sys.traces |
Uma vez que recuperamos o ID do nosso trace, vamos agora pará-lo e verificar se ele realmente não está mais ativo:
E é isso aí, pessoal!
A ideia era criar um post específico sobre auditoria de acesso a objetos a acabou virando um mini-tutorial do SQL Server Profiler.
Espero que tenham gostado do post e até a próxima.